quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O Idiota



[Escrito por outro idiota]

Era o típico arquétipo prescrito na obra “O homem delinqüente” de Cesare Lombroso, ou seja, o marginal nato. Tinha cara de mal, barba por fazer, jeito de malandro, falcatrua, cafajeste em todos os sentidos. Papo agradável, as mocinhas adoravam. Algumas sabiam até o que ele realmente queria com elas, mesmo assim se arriscavam. Amigos? Tinha alguns poucos. Era muito seletivo, só gente agradável podia o acompanhar, sendo defesa a participação de pessoa que estivesse em outro estado de ânimo ou emocional divergente ao dele. Aquele que não sorrisse ou se embriagasse, era literalmente expulso de seu círculo social, como se fosse algo descartável. Traíra também era algo inerente à personalidade do dito cujo. Não podia encontrar brecha que já apunhalava por detrás até os melhores companheiros que o agradavam. Parecia sentir um prazer exacerbadamente mórbido em ser egoísta e egocêntrico, ignorando os sentimentos alheios, e desprezando quaisquer tipos de manifestações afetivas com relação à sua pessoa. Digo era, pois não é mais. Descobriu que semeou a árvore dos frutos malditos tarde demais. Estava beirando a meia idade, cabeça de adolescente. Os poucos que lhe acompanhavam evoluíram, mudaram, cresceram. Iam abandonando paulatinamente àquele que anteriormente idolatravam. Quando menos percebeu, sozinho estava num inferninho, sem ter alguém para criticar. Malditos! Ou não? Desesperou-se: ligou para um colega. “Desculpe, não sou mais juvenil...”. Tudo bem, não gostava muito. Outro: disse que estava ocupado demais cuidando de negócios. Ainda há esperança! Não deu certo, casou-se e tem dois filhos, outras prioridades atualmente. Finalmente, apelou às vadias. “Mudei: agora encontrei alguém, larguei o pensamento idiota de que saindo com qualquer um estava sendo uma mulher moderna...”. Subitamente desistiu, virou uma talagada de pinga barata. Estava triste, sentimento de fraco segundo sua convicção. Olhou ao redor em busca de solução. Nada. Parecia o fado grego, quanto mais tentava se distanciar do sofrimento, mais o encontrava. Estava sozinho. Descartado. Morto socialmente, assim como um cárcere. Viu seu reflexo no líquido translúcido de seu instrumento laboral. Quem observa ébrios habituais lembrará de sua última e derradeira fisionomia. E que a terra lhe seja leve!
"Idiota"

3 comentários:

  1. Que idéia imbecil essa de "marginal nato". E digo mais... um bom boêmio jamais estará sozinho. Eu espero... heheheh... anyway, texto que de tão amargo é bom.

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  2. queremos textos novos
    eu, o claudio e o luciano ao menos

    beijos às editoras

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  3. já tem textículo novo na área, mas acho q agora vai um mês sem nada... tá ligado q a lili é meio devagar...

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n substantivo feminino Regionalismo: Nordeste do Brasil. 1 vasilha feita de metade de um coco-da-baía da qual se retira a carne 2 Derivação: por metonímia. o conteúdo dessa vasilha; quengo 3 Uso: tabuísmo. mulher que exerce a prostituição; meretriz 4 Uso: informal. coisa imprestável, inútil