quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Curitibana só é fria pra quem não sabe esquentar

Como frias barrigas de Jerivá
Como Pelunia ou Bromélia Imperial
Latana Amarela, Babosa de pau
Manaca de Cheiro, Tulipa, Fireball

Como luvas alvas de algodão
Como lépidas lascas de pinhão
Como face de menina sorridente
Ou leite quente q dói o dente da gente

Como a cidade
Como a água da torneira, do chuveiro
Na alvorada ou do dia inteiro
Na goela ou na pele ou no pêlo, no cabelo
1 palmo acima do joelho, no pentelho.

Como coberta q aquece, mas não sua
Como sua gélida bunda em contato
[com minha carne nua
como o beijo com lábios q colam
como o vai-e-vem do coro da minha "ceroula"

como seios dançantes ao relento
como coxas aos xotes acalentos
como no escuro suas diferentes facetas
como o sumo-gosto da sua "bochecha"

como um grunhido ao pé do ouvido
e na nuca um assopro do vento sul
como unhas encravadas nas costas
como o médio pegando no "copo"

Como seus olhos sedentos de desejo
Seu silêncio já pronto pra beijar
Como até a sua cara emburrada, porque...
Curitibana só é fria pra quem não sabe esquentar.


Rafael dos Prazeres
A Revista Quenga aproveita a oportunidade para mandar aquele abraço à Bahia e aos simpáticos homens de lá, que, na figura do nosso querido Rafael, nos prestaram esta bela homenagem! =0)

O PRANTO DA CONA DA PUTA

Atrelado ao pudor hipócrita daquela pequena cidade provinciana ele estava, condescendente ao costume pequeno burguês, discurso falso moralista e ao legado persa do maniqueísmo.
Trinta anos casado com Marisa Stela, cocota de família abastada, vinte anos amante semi declarado de Augusta Virgínia, viúva do coronel Rodrigues Sarça. Funcionário da Caixa por trinta e um, pais de quatro, dono de terras, carros, gentes, caminhava conforme o cabresto oculto de sua mãe, finada há dez.
Turrão, negava pão aos pobres e se contrariava ao fartar as mãos da igreja, representada pelo padre Onório, conhecido pela bifurcada língua e pela libidinosa lascívia com que se entregava aos jovens braços dos coroinhas.
Jazeu, com 59, na pútrida poça de sangue e vômito de sua última refeição, sopa de aspargos com bucho. Marisa sequer o limpou, os quatros brigaram pelos restos de mediocridade que o inventário garantia, a viúva de Sarça arranjou um vinte e cinco mais novo, o padre nada celebrou, alegando suicídio, pois ninguém se prontificou a pagar os custos do velório.
Caiu em vala comum, com bucho nas narinas e no seboso colarinho, regado aos prantos de Das Dores, puta, com quem, declarando fervoroso asco, negava olhares e ares em público. Foi só em seus braços e no regato da imunda cona de vasta melena crespa, devoradora sequiosa de quase todos os falos da cidade, que ele gozou e chorou.

Alexsandro Teixeira Ribeiro
Gostou? Então entre no blog do autor: www.correntesdeprometeu.blogspot.com

Que é Quenga?

Minha foto
Curitiba, PR, Brazil
n substantivo feminino Regionalismo: Nordeste do Brasil. 1 vasilha feita de metade de um coco-da-baía da qual se retira a carne 2 Derivação: por metonímia. o conteúdo dessa vasilha; quengo 3 Uso: tabuísmo. mulher que exerce a prostituição; meretriz 4 Uso: informal. coisa imprestável, inútil