quinta-feira, 18 de setembro de 2008

VOCÊ JÁ LEU SUA MARIE CLAIRE HOJE?

As agruras sentimentais das mulheres perfeitas
Não precisa ser nenhuma feminista com bigode para ler a sua revista feminina e não se encontrar dentro do modelo de mulher que querem que você siga. Mas de fato, este é o modelo de mulher bem sucedida. Com certeza não é o da mulher perfeita.

A mulher perfeita encontra muitas pedras no caminho. A mulher bem sucedida é bonita e fundamentalmente esperta para se adaptar às situações e a sociedade. Adapta seu corpo, seu discurso, suas posições e até mesmo sua felicidade em nome de uma vida confortável. Enquanto isso, a mulher perfeita vive constantemente o conflito de estar num mundo que não foi feito para ela e ao qual nem sempre se adaptar parece a solução mais digna. E dignidade é a primeira das virtudes da mulher perfeita.

Sexualmente, tanto a mulher perfeita, quando a bem sucedida são liberais. A diferença é que a mulher bem sucedida usa sua sexualidade a seu favor: sabe segurar e liberar na hora certa para causar boa impressão no público masculino, e, sobretudo, no alvo desejado. Liberando, ela será liberal e irá aonde for preciso para satisfazer seu parceiro e garantir que ele queira repetir a dose quantas vezes ela desejar. Enquanto isso, a mulher perfeita é bem resolvida sexualmente e sabe o que quer: prazer, tanto quanto o parceiro. Vai até onde for a sua vontade, é consideravelmente dedicada, pois sabe que relacionamentos – inclusive os sexuais – só se constroem a dois, e é justamente por isso que, não sendo correspondida a altura, a mulher perfeita pode simplesmente deixar o (não-)parceiro na mão, inclusive no sentido literal. Ela não irá sorrir, fingir orgasmos múltiplos e elogiar a performance insatisfatória. Agora, me diga, que homem quer correr esse risco? É claro que a mulher perfeita sai perdendo. Mas ela não se importa, pois acredita que para estar ao seu lado, o homem tem que saber lidar com esta possibilidade e chegar com toda disposição de realizá-la. Se não for assim, não vale à pena. Quanto aos jogos sociais praticados pela mulher bem sucedida, esperando o momento ideal para interagir sexualmente com o parceiro para que não pareça uma mulher “fácil”, promíscua, a mulher perfeita não pratica. Sabe que o risco de ser pouco respeitada e percebida como apenas uma fonte de sexo fácil é grande, mas no fundo ela acredita que, se isto acontecer, era apenas mais um homem errado e cortará relações. O homem que ela espera para ela, definitivamente não se importará com isso.

A mulher bem sucedida é bonita. Não se descuida do seu corpo, esconde os sinais da idade e é “antenada” com as tendências da moda. A mulher perfeita é linda, pois sabe que a maior beleza está muito mais nas particularidades do que na padronização. Sabe que seus peitos ou bunda maiores ou menores do que a norma, e a sua barriguinha que nem de longe lembra a da Bündchen, longe de serem defeitos, é que lhe conferem a sua beleza natural, a sua sensualidade espontânea e um corpo que é exclusivamente seu. Também sabem que cada idade tem a sua beleza e, se são pessoas mais realizadas consigo mesmas aos 30 anos do que aos 20 (porque a experiência ensina muito às mulheres perfeitas), não existem razões coerentes para querer continuar com o mesmo rosto e o mesmo corpo de 10 anos atrás ou ter vergonha de dizer sua verdadeira idade. Sabe que é linda do jeito que é, e justamente por ser do jeito que é. Também sabe que “la mode est demodée, mais le style jamais”. E não há homem no mundo que não se impressione com a beleza estonteante e única da mulher perfeita – e aí reside outro problema: frente a ela, que sempre foi e sempre será a mulher mais linda do mundo, não é raro que os homens cheguem a um nível de excitação tal que se convertam em verdadeiros adolescentes completamente passíveis de ejaculação precoce (na melhor das hipóteses).

A mulher perfeita é inteligente. Sua inteligência reside inclusive no fato de saber que não sabe tudo, de estar disposta a ouvir sem muitos preconceitos e negociar opiniões. Ela entende de assuntos que historicamente não lhe dizem respeito: de política a futebol, passando pela filosofia. Ela pode até babar pelo Chico, mas consegue reconhecer o valor daquilo que é genuinamente popular (o que não é mesmo o caso do Chico). Ela conversa de igual para igual, e não tem medo de tópicos desconhecidos, de discordar ou de admitir que não saiba. Enquanto isso, a mulher bem sucedida limita-se em ser agradável: fala sobre assuntos leves e atuais, de acordo com as bem sondadas preferências do parceiro. Mostra-se interessada, mesmo quando sente sono, e não deixa de dar uma averiguada na Wikipédia algumas informações que podem ser chave em algum momento específico. E, sobretudo, ela deixa claro como as opiniões do parceiro ou batem exatamente com as dela (impressionante!) ou são tão brilhantes que ela está profundamente admirada com o intelecto do rapaz. E é claro, a mulher bem sucedida é muito agradável. Já a postura da mulher perfeita costuma ou causar repulsa imediata, ou atrair absurdamente. Porém mesmo aqueles que se sentem extremamente seduzidos pela inteligência da mulher perfeita, não raras vezes sentem-se diminuídos perto delas. E se eles não assumem uma postura agressiva de competitividade com relação a isto, então assumem uma postura de inferioridade e idolatria – e a mulher perfeita espera uma relação igualitária (não em papéis ou comportamentos, mas em valor) e não suporta ficar em uma posição de superioridade. Ao mesmo tempo em que este homem alimenta o ego dela, ele também perde o respeito e o desejo desta mulher de maneira irreversível.

Como conseqüência da sua inteligência, a mulher perfeita é naturalmente engraçada. Percebe a ironia do mundo, e aproveita para se divertir. Enquanto isso, a maioria dos homens espera que as mulheres riam das suas piadas, e não o contrário. Afinal, o humor sempre teve um poder de subversão em potencial, e subversão é um terreno predominantemente masculino. Além do mais, o humor também sempre tem um “Q” de virilidade, falta de classe e delicadeza. E para ser bem sucedida, a mulher bem sucedida não conta piadas, mas é uma ótima parceira para ouvir e rir, mesmo que não entenda ou não ache graça.

A mulher bem sucedida está inserida no mercado de trabalho e poderia ter sua independência financeira. Mas ao mesmo tempo, morar com os pais até o casamento lhe confere certa respeitabilidade, segurança e faz com que sobre dinheiro para seus pequenos luxos femininos. Quer casar e continuar trabalhando – para manter seus pequenos luxos femininos, é claro. Seu parceiro acha isso lindo: uma mulher moderna, mas que não lhe tira o posto viril de provedor. A mulher perfeita também trabalha e, bem ou mal, dá um jeito de pagar suas contas e, é claro, garantir também sua diversão. A mulher perfeita não espera por um homem rico, mas por um homem adulto – independente da sua idade – que consiga fazer o mesmo que ela. E é claro que ela gosta de presentes e gentilezas: mas não faz diferença se trata de uma jóia cara ou um bilhete de amor. Porque, ao contrário do que se pensa, a mulher perfeita é muito romântica, e quando o assunto é amor e dinheiro, a mulher perfeita é uma verdadeira “Amélia”: deixa a questão financeira para os economistas, pois sabe que racionalidade e paixão nunca andaram e nunca andarão juntas. E se ela ganha mais do que ele, pouco importa: ela é inteligente e sabe que dinheiro é uma questão contingencial. Isto, porém, tira o conforto masculino, que sempre teve na dependência financeira, social, física e emocional da mulher o seu grande alicerce romântico. O peso da história dificulta que percebam que o bonito de se compartilhar a vida com alguém é justamente em fazê-lo por opção, por pura escolha e vontade, ainda que implique no permanente risco de perder o objeto amado. Mas quem foi que disse alguma vez que o amor era algo seguro? Amar, no fim das contas, é entregar um coração de vidro nas mãos de uma criança e viver o tempo todo com os medos dos riscos que implicam tal entrega. É justamente esta a graça. Agora, eu vos digo que amar assim não é para qualquer um. É sofrimento por uma recompensa meio incerta que só as pessoas perfeitas se dispõem a encarar. E esta é outra qualidade fundamental da mulher perfeita: ela é naturalmente ousada.

Por fim, paradoxalmente, a mulher perfeita é cheia de defeitos: paranóias, crises existenciais, carência... Isso sem contar a recorrência dos vícios autodestrutivos. A mulher bem sucedida sofre disto tudo também, mas tem uma qualidade que a mulher perfeita não tem: ela é discreta e só revela o que convém, e nem sempre é a verdade. A mulher perfeita é franca, impulsiva e se expõe demais, o que a leva a uma condição maior de vulnerabilidade.

Por fim, percebemos que, de fato, a mulher bem sucedida é realmente bem sucedida: no fim quem se dá bem é ela, enquanto a mulher perfeita passa a vida em maus lençóis. Portanto, é muito claro quem é a mulher bem sucedida. Mas muitos devem estar se perguntando se, no fundo, não é ela também a mulher perfeita. É tudo uma questão de ponto de vista. Ela é de fato a mulher mais adequada, com mais jogo de cintura e provoca a inveja de todos: em muitos momentos, inclusive da suposta mulher perfeita. É tudo uma questão de escolha – o caminho mais fácil ou o menos provável. Agora, a mulher bem sucedida pode ter quase tudo nesta vida, mas existe algo que ela nunca encontrará: o homem perfeito. É claro que este é o caminho das pedras. Como a mulher perfeita, o homem perfeito também é raro. Mas a mulher perfeita não se incomoda, porque ela nunca quis todos e nem os mais fáceis: se um dia ela encontrar o homem perfeito, ela dispensa todos os outros com o maior prazer. Afinal, o prazer que um homem perfeito pode proporcionar ainda que tardiamente ou por um curto espaço de tempo vale infinitas vezes mais do que uma vida inteira com os mais diversos homens, que no fim, só serão felizes ao lado das mulheres bem sucedidas mesmo. Agora, é uma possibilidade remota, mas ainda que não dê certo, a mulher perfeita ainda poderá dizer que valeu à pena, afinal, incluindo altos e baixos, é ela quem realmente no fundo se diverte mais do que ninguém.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Banquete curitibano





eu fico toda nua
de joelho descabelada na tua cama
eu fico bem rampeira
ao gazeio da tua flauta de mel
eu fico toda louca
aos golpes certeiros do teu ferrão de fogo
ereto duro mortal

[Cantares da Sulamita – Dalton Trevisan]




Rubia – religiosa, porém sofre de vertigem. O sexo, além de ser algo novo é para ela um grande mistério, sonhou certa vez que estava trepando com Judas. O par de peitinhos ainda brota, veladamente, sob a blusinha de renda feita pela avó.

Rafaela – descobriu o sexo com seu primo. Um descuido dos pais, e lá estava o primo mostrando seu punhal reluzente. Desde então, traça os amigos da mesma idade. Já mostrou a flor para um grupo de adolescentes na biblioteca da escola pública. A rapaziada gostava de sentir o perfume.

Débora – safada e vingativa, gosta de ser amarrada na cruz. Pendurada pelos braços, uma pimentinha vermelha. No estágio sempre chupão risadinhas. Acredita que o sexo é algo transcendental. Gosta de chupar, desde que não gozem na boca.

Mariana – sonhava em ser cantora, no entanto, entrou sabe deus como na universidade pública e começou a celebrar shows de striper para as festas do DCE. Bêbada, dizia entrar em contato com Baco. Já foi flagrada nos corredores universitários afogando o ganso de um professor doutor em letras vernáculas. Evoé!

Taís – não sabe quem é Marquês de Sade, mas gosta de ser sodomizada. Seu maior desejo é trepar com dois caras de uma só vez. Expliquei para ela: isso se chama ménage à trois.
Raquel – conhecida como a nínfomaníaca da faculdade de letras. Gostaria de bater o recorde e provar todos os acadêmicos. Um por um. Nas sextas-feiras de lua cheia, veste uma de suas inúmeras calcinhas comestíveis com estampa de S. Antônio, presente de uma cartomante aposentada.

Tamara – mestranda em estudos literários. É fã da artista plástica Lempicka e estuda a obra de André Gide. Diz ser gay. Mesmo assim bateu, numa tarde de outono, em seu apartamento, uma punheta para seu colega. Realizou o sonho do amigo.

Bruna – dezessete anos. Peitinho em flor. Cultiva pombas em sua casa. Acha que Clarice Lispector lhe revelou seu lado ambíguo. Experimentou com sua amiga alguns beijinhos. A revelação lhe corou o rosto. Tocou uma siririca pensando em seu professor de filosofia.
Esther – gosta de trepar com os africanos que fazem intercâmbio no curso de psicologia. Às vezes em grupo. Gosta do pênis rijo de glande inchada. No sexo anal, de pé, olha-se no espelho apreciando seu corpo branquinho em contraste com a cor negra dos filhos de ghandi. Confessou levitar na maioria das sessões grupal.

Luzia – é homem.

[que belo cardápio, exclama o homem. Chama o garçom]


[Um material elaborado pela companhia Giuliano Gimenez
& Otávio Luiz Kajevski LTDA.]

Que é Quenga?

Minha foto
Curitiba, PR, Brazil
n substantivo feminino Regionalismo: Nordeste do Brasil. 1 vasilha feita de metade de um coco-da-baía da qual se retira a carne 2 Derivação: por metonímia. o conteúdo dessa vasilha; quengo 3 Uso: tabuísmo. mulher que exerce a prostituição; meretriz 4 Uso: informal. coisa imprestável, inútil